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OSTEOPOROSE

 

osteoporose

A osteoporose é uma doença caracterizada por uma maior ou menor perda de cálcio nos ossos, que e por isso, se tornam mais frágeis, podendo sofrer fracturas com facilidade, muitas vezes após traumatismos de pequena intensidade como as vulgares quedas ocasionais.

É particularmente frequente em idosos e muito especialmente no sexo feminino após a menopausa. A sua importância e custo social têm vindo a aumentar exponencialmente com o alargamento progressivo da duração média de vida e consequente aumento da população idosa. Este factor, evidente também no nosso país ao longo dos últimos vinte e cinco anos, é acrescido por certas mudanças de hábitos alimentares e de trabalho que concorrem para a diminuição do cálcio ósseo.

As fracturas associadas à osteoporose atingem preferencialmente os ossos do antebraço ( junto ao punho ), o colo do fémur ( junto à anca ) e a coluna. As suas consequências, potenciadas pela fragilidade e precariedade geral de saúde associadas á idade, podem ser desastrosas para a duração e a qualidade de vida das suas vítimas. As duas primeiras são geralmente evidentes, já que o doente fica incapaz de utilizar o membro atingido, exigindo tratamento urgente e por vezes, cirurgia.

A fractura osteoporótica do fémur tem uma mortalidade muito elevada, mesmo nos melhores centros e uma percentagem considerável dos sobreviventes fica profundamente incapacitada para o resto dos seus dias. Nos Estados Unidos da América foi demonstrado que uma em cada cinco mulheres sofre uma fractura do colo do fémur antes dos 75 anos de idade.

Em Portugal, de acordo com estudos realizados na Universidade do Porto, ocorrem anualmente cerca de 3000 fracturas osteoporóticas do colo do fémur, com elevados custos financeiros e sobretudo sociais.

Já as fracturas vertebrais podem ter tradução mais discreta, estabelecendo-se em episódios agudos de dor dorsal, por vezes muito incapacitantes. Estes episódios podem repetir-se no tempo, conduzindo muitas vezes a um quadro de dor permanente com considerável incapacidade. O esmagamento de vértebras osteoporóticas é responsável pelo encurvamento progressivo das costas tão frequentemente observado em pessoas idosas. Esta “ cifose “ contribui por sua vez, para um agravamento de dificuldades respiratórias e abdominais.

Se é certo que a importância da osteoporose reside na ocorrência destas fracturas e suas consequências, é fundamental ter a noção de que a fragilização óssea se desenvolve silenciosamente ao longo de muitos anos, antes de culminar na fractura. No sexo feminino, a ocorrência da menopausa, que se traduz por uma diminuição acentuada na produção de hormonas femininas (protectoras do osso), constitui o inicio de um período de perda acelerada de cálcio dos ossos. No sexo masculino a diminuição do cálcio é mais subtil, só se tornando em regra evidente a partir dos 65 anos. Em ambos os casos contudo, as fracturas só aumentam de forma marcada a partir dos 65 a 70 anos de idade. Compreende-se assim, que aquele período de doença silenciosa que precede a fractura constitui a altura ideal para a introdução de medidas higieno-dietéticas e medicamentosas que visem prevenir a ocorrência da osteoporose e as suas consequências devastadoras. Apesar da atenção crescente dos médicos a esta situação importa que a população em geral esteja atenta às situações de maior risco para osteoporose e aos cuidados simples que a permitem evitar e combater.

 

FACTORES DE RISCO PARA A OSTEOPOROSE

Como já foi indicado, o sexo feminino e a idade avançada constituem os principais factores associados à osteoporose. Dada a importância das hormonas femininas na protecção do osso, facilmente se compreende que a ocorrência precoce da menopausa ( < 45 anos de idade ), especialmente quando é devida à retirada dos ovários, aumenta  drasticamente o risco de se vir a sofrer de osteoporose e fracturas. Por razões diversas, este risco é também aumentado em pessoas de baixo peso e estatura, nos que têm pouca actividade física e nos familiares de portadores de osteoporose.

Os hábitos alimentares são a este propósito, particularmente importantes: a fraca ingestão de leite e derivados ( principais fornecedores de cálcio ) é um factor da maior relevância. De igual modo, o consumo excessivo de álcool, chá, café e tabaco aumentam o risco de osteoporose.

Certas condições médicas associadas podem também aumentar este risco. Particularmente prejudicial é o uso prolongado de cortisona ou seus derivados, bem como de certos tratamentos para a epilepsia. Algumas doenças do fígado, tireóide, intestinos, rins e testículos, bem como alguns reumatismos e operações ao estômago, são também acompanhadas de maior prevalência da osteoporose.

A investigação de possíveis causas para a osteoporose, para além das relacionadas com a menopausa e o envelhecimento, é particularmente importante quando se identifica a doença em pessoas jovens, especialmente do sexo masculino. Justifica-se nestes casos, a consulta de um médico com experiência nesta matéria e o tratamento da doença causal poderá desempenhar um papel fundamental no controlo da osteoporose.

Em qualquer caso, a ocorrência de fracturas ósseas após traumatismo de pequena intensidade, em qualquer idade, deve sugerir a possível existência de osteoporose subjacente e levar aos estudos adequados.

Na presença de um ou mais destes factores deverá levar o doente a inquirir junto do seu médico quanto ao seu nível de risco para a osteoporose e à eventual realização de exames adequados.

O combate e correcção destes factores de risco constituem aspectos essenciais da prevenção da osteoporose, pelo que se justifica a sugestão de alguns hábitos saudáveis nesta área da saúde.

 

CÁLCIO NA DIETA

Os ossos não poderão manter a sua resistência a menos que recebam regularmente uma dose adequada de cálcio. As doses internacionalmente aconselhadas são de cerca de 1,5 gramas por dia para crianças em crescimento, mulheres grávidas, mulheres após a menopausa e homens com mais de 65 anos de idade. Para os restantes grupos são aconselhadas tomas de 1 grama por dia.

Lamentávelmente muitos dos doentes ingerem quantidades francamente insuficientes de cálcio na sua dieta diária. O leite e seus derivados (iogurte e gelado) são os alimentos mais ricos em cálcio: 1 copo de leite de ¼ de litro ou um iogurte fornecem cerca de 300 mg de cálcio, enquanto que uma fatia de queijo parmesão, gruyére, flamengo, da ilha ou da serra, com +- 50 gr fornece-nos entre 300 a 600 mg de cálcio.

As alternativas aos lacticínios incluem os espinafres, as nabiças e a rama do nabo, a couve portuguesa, os brócolos, o feijão, as amêndoas e sardinhas e os peixes enlatados com espinha, que fornecem cerca de 100 a 200 mg de cálcio por dose média para um adulto.

No caso da alimentação não garantir as necessidades diárias de cálcio, o médico deverá prescrever um suplemento de cálcio, bastante eficaz e por vezes mais acecivel e económico.

 

EXERCÍCIO FÍSICO

O exercício com carga, marcha ou a corrida ( trote ) é da maior importância na manutenção da saúde dos ossos. O esqueleto reage a este tipo de exercício com um aumento do seu conteúdo em cálcio e logo, da sua resistência. A marcha é um bom exemplo: sempre que possível as pessoas em risco ( como aliás toda a população ) deverão caminhar pelo menos 1 a 2 km por dia. Esta recomendação é particularmente importante para os idosos, aos quais se sugere a criação de novos hábitos que necessitem da marcha, como sejam as compras diárias, as visitas regulares aos amigos, etc.

Não sendo possível a sua execução, por problemas de artrose nos membros inferiores, importa sublinhar que mesmo pouco exercício é melhor do que nenhum, pelo que o recurso à bicicleta estática , à hidroginástica, à natação, à dança moderada ou ao Tai Chi, são razoáveis alternativas.

 

MEDICAMENTOS

Entre os medicamentos disponíveis para o tratamento e sobretudo para a prevenção, da osteoporose, merecem destaque no sexo feminino, as hormonas sexuais femininas, hormonas da menopausa: estrogénios e progesterona. Esta medicação é perfeitamente fisiológica e natural na medida em que se trata apenas de repor os níveis de hormonas que são normais antes da menopausa, cuja diminuição é a grande responsável pela perda acelerada da massa óssea determinada pela paragem dos períodos menstruais. São muito eficazes na prevenção da osteoporose, bem como das fracturas e permitem ainda reduzir de forma significativa a ocorrência das doenças do coração ( angina e enfarte ) que constituem as principais causas de morte em mulheres depois da menopausa. Representam ainda a melhor forma de tratamento dos afrontamentos e outros sintomas associados à paragem dos períodos. Globalmente os benefícios são largamente superiores aos riscos e ultrapassam amplamente a prevenção da osteoporose.

Por todos estes motivos, muitas autoridades internacionais são hoje de opinião que todas as mulheres após a menopausa deveriam discutir com o seu médico os riscos e benefícios potenciais destas hormonas no seu caso particular. A sua utilização é em qualquer caso, considerada quase que obrigatória nas mulheres que tenham efectuado a remoção cirúrgica dos ovários antes dos 45 anos, a menos que existam riscos especiais.

Quando estas hormonas não estejam indicadas ou não possam ser aceites pela doente, dispomos de algumas alternativas de tratamento que deverão ser adaptadas caso a caso.

Estas são e também como é óbvio, os únicos medicamentos adequados à osteoporose no sexo masculino. Os mais comuns, são a Vitamina D e seus derivados, a calcitonina e os bifosfonatos. Estes medicamentos actuam exclusivamente sobre o osso. Em casos especiais será necessário recorrer a outros grupos de medicamentos mais especializados cujo controlo e indicação deverão ser sempre da responsabilidade de um especialista. Importa sublinhar que todos os tratamentos para a osteoporose devem ser necessariamente acompanhados de uma ingestão adequada de cálcio.

 

PREVENÇÃO DE QUEDAS

Apesar da sua fragilidade, os ossos osteoporóticos só fracturam quando expostos a traumatismos, embora muito menos violentos do que o necessário para fracturar um osso normal. Os traumatismos mais frequentes implicados, ocorrem nas quedas que acontecem na sua larga maioria dentro de casa. É por isso fundamental que os doentes com osteoporose e seus familiares, avaliem cuidadosamente o ambiente doméstico com vista a eliminar todas as possíveis causas de quedas. Destacam-se os pavimentos escorregadios, os tapetes soltos, os fios eléctricos, os animais domésticos de colo, as áreas sem visibilidade, as escadas, as banheiras, etc. Sempre que possível devem instalar-se corrimões nas escadas interiores e barras de apoio na banheira ou ainda melhor, substitui-la por um banheiro. Deve dar-se preferência a calçado fechado com boa aderência da sola e abandonar os chinelos.

A iluminação doméstica deve ser abundante e de fácil acesso. Os idosos inseguros por alterações artrósicas nos membros inferiores devem ser estimulados a usarem bengalas ou muletas do tipo “ canadiana “. A ingestão de calmantes e ou hipnóticos, bem como de bebidas alcoólicas, deve ser bem avaliada em doentes osteoporóticos já que aumentam o risco de queda. É também determinante tomarem-se as medidas necessárias para haver a garantia do melhor estado possível em termos de audição e visão.

É fundamental que a casa e o ambiente habitual sejam tão livres quanto possível de circunstâncias e causas de quedas.