A condrocalcinose é uma doença articular que ao envolver o joelho, se caracteriza fundamentalmente pela deposição gradual de cristais de cálcio, também chamados de cristais de pirofosfato de cálcio, na cartilagem hialina, nos meniscos, nos ligamentos, na sinovial e mesmo na cápsula articular.

A sua causa é desconhecida, mas há alguns estudos que implicam os condrócitos e a matriz circundante, como os agentes responsáveis. Existe no entanto uma forte associação entre a condrocalcinose e a artrose. Com frequência coexiste com elevação consistente do ácido úrico (hiperuricémia).

Esta é uma patologia que se manifesta nas idades mais tardias de vida e é ligeiramente mais frequente no sexo masculino. Se a doença se manifestar antes dos 55 anos de modo poliarticular, é possivel estarem subjacentes disturbios metabólicos primários ou uma predisposição familiar. Depois dos 55 anos deve-se excluir o hiperparatiroidismo em todos os doentes.

Do ponto de vista clinico, a condrocalcinose pode apresentar-se de tres formas: a aguda (pseudo-gota), a latente (deposição familiar de cristais de pirofosfato de cálcio) e a crónica (artrose).

A pseudo-gota envolve 25% dos doentes com condrocalcinose e com predominio para o sexo masculino. Tal como a gota, é caracterizada pelo aparecimento de uma artrite aguda autolimitada e quase sempre atingindo uma só articulação. Os traumatismos  e algumas intervenções cirurgicas, bem como o acidente vascular cerebral e o enfarte agudo do miocárdio, podem desencadear crises agudas. Nesta forma clinica se é certo que o joelho é a articulação mais frequentemente comprometida, é necessário salientar que o ombro,  o cotovelo, o tornozelo, a anca e a primeira articulação metatarso-falângica podem ser envolvidas. A evolução natural da artrite aguda da condrocalcinose do joelho, é a resolução espontânea ao fim de alguns dias ou muito exporádicamente ao fim de duas a tres semanas. A terapêutica acelera a recuperação.

A forma de “artrose“, é a mais comum expressão para a condrocalcinose do joelho. Os sintomas desta são idênticos aos de uma artrose tipica, com excepção para a presença dos cristais de pirofosfato de cálcio na articulação.

Nestas duas formas clinicas, a realização de uma punção articular é necessária para colheita de liquido sinovial para análise. A  identificação nesse liquído articular, de cristais de pirofosfato de cálcio, os quais se caracterizam pela sua forma rombóide e pela sua birrefigência positiva ao microscópio de luz polarizada, é decisiva para o diagnóstico.

A radiografia do joelho é um método simples e bastante válido para o diagnóstico. Assim a presença de um processo de calcificação da cartilagem e dos meniscos, é definitivo para aquele.

A ecografia de elevada frequência é um método altamente sensivel para a detecção de cristais no liquido sinovial e para a deposição destes nos tecidos. O uso da Ressonância Magnética na identificação do pirofosfato de cálcio articular, tem apresentado resultados muito irregulares, pelo que essa técnica não é util para o screnning de rotina desta patologia.

O prognóstico é geralmente bom quando a doença se apresenta em idade avançada e apenas com surtos muito esporádicos. No entanto muitas vezes os depósitos articulares são já muito significativos, associando-se inevitavelmente a lesões degenerativas importantes.

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