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O nivel da radiação suportada pelo doente na realização de uma Tac do aparelho locomotor, pode ter bem mais consequências do que o conhecido até hoje.

 

04/10/2010

Na efectivação de uma Tac do joelho F. Santos Silva, avisa ser necessário ter-se adequado critério, de modo a se prevenirem os eventuais efeitos cancerígenos da sua radiação.

 


O uso da Tac (tomografia axial computorizada) em Portugal, como meio complementar de diagnóstico em geral, tem vindo a aumentar nos últimos anos de modo considerável, se não desmesuradamente e sem qualquer conhecido controlo dos efeitos da sua radiação.

Francisco Santos Silva, cirurgião ortopédico e director editorial do Genulandia, na sequência do expresso entende ser urgente dar conta dos resultados de dois estudos publicados recentemente nos EUA, em que foi tentado quantificar o efeito da Tac na incidência do cancro e em que e sumariamente, foi concluído que a quantidade de radiação suportada durante a exposição para a efectivação de uma Tac, pode ser bem mais elevada do que a aceite até aqui e daí podendo resultar um aumento do número de casos de cancro relacionados com a radiação.

Num dos referidos estudos, levado a efeito na Universidade da Califórnia em S. Francisco, foram avaliados os dados referentes às doses de radiação usadas nos onze mais frequentes tipos de Tac, levadas a efeito em 1.119 doentes adultos, tendo-se encontrado uma variação média de 13 pontos entre a dose de radiação mais elevada e a mais baixa para cada tipo de exame.

Rita Redberg, professora daquela Universidade e no editorial que acompanha o referido estudo, vem afirmar que uma Tac e consoante o seu tipo, pode sujeitar o doente a uma radiação que oscilará entre a equivalente a 30 até 442 Rx de tórax. E acrescenta que “ mesmo as doses médias, são 4 vezes mais elevadas do que seria suposto serem. Uma simples angio-tac coronária, emite em média uma radiação equivalente à de 309 Rx do tórax. Pelos cálculos efectuados, uma em cada 270 mulheres na casa dos 40 anos e que tenha efectuado este exame, irá sofrer de um cancro na dependência dessa radiação “.

Num outro trabalho de natureza epidemiológica, da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, foi construído um modelo de estudo com os dados do National Research Council's Report “ Biological Effects of Ionizing Radiation “ para avaliar o risco cancerígeno de cada tipo de Tac e foi concluído que aproximadamente 29.000 estimáveis futuros casos de cancro, poderem vir a resultar das Tac efectuadas no ano de 2007, sendo as do abdómen, bacia, tórax, crânio e da angiografia as mais relevantes para o risco.
O carcinoma do pulmão foi o previsto como o mais passível de relacionamento com a radiação, logo seguido pelo do cólon e pela leucemia.

A realização da Tac do joelho actualmente é executada com uma radiação média de 665 mGy/cm2, pelo que F. Santos Silva, avisa “ é necessário respeitar-se um adequado critério na sua efectivação, precisamente ao contrário do que com bastante frequência se constata (muitas vezes a Tac é efectuada por exigência do doente, que ignora as consequências), de modo a se prevenirem os eventuais efeitos cancerígenos. Obviamente na solicitação da Tac em geral ”.

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