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Fazer ou não fazer uma prótese no joelho de um obeso

 

18/08/2010

A suposição de que um obeso após a artroplastia irá conseguir perder peso é utópica, pois o que na realidade acontece é precisamente o contrário “, afirma o ortopedista Francisco Santos Silva


A obesidade, considerada nos países ocidentais como "a epidemia do século XXI", é uma doença crónica e actualmente um grave problema de saúde pública, que o nosso país enfrenta.

A obesidade em Portugal que em termos de incidência, terá aumentado para o triplo nos últimos vinte anos, envolve todos os estratos da nossa sociedade e compromete com significado a saúde de muitos cidadãos. Estima-se que 25% da população portuguesa acima dos 45 anos sofra de obesidade.

Este é um facto com que os cirurgiões ortopédicos são diariamente confrontados e com que têm de saber lidar, quando há necessidade de tratarem a artrose dos joelhos, em particular com uma terapêutica cirúrgica, para a implantação de uma prótese.

Outros factos importantes são, o conhecimento bem estabelecido de que os joelhos dos indivíduos obesos, sofrem uma deterioração trófica e funcional, muito mais precoce, rápida e agressiva do que os dos indivíduos com peso normal e ainda de que o risco de variadas e múltiplas complicações cirúrgicas é em geral muito mais elevado nos obesos.

Num estudo recentemente publicado, David Lewallen ortopedista da Clínica Mayo nos EUA, alerta para um significativo aumento da taxa de complicações cirúrgicas, nos doentes obesos, em particular nos que apresentam um índice de massa corporal superior a 50, quando submetidos à implantação de uma prótese total do joelho, e afirma “ 38% dos doentes apresentaram pelo menos uma complicação cirúrgica, sendo que um em cada três, apresentou uma complicação menor e metade daqueles uma complicação major “

As complicações imediatas de carácter mais grave nestes doentes, habitualmente são: a trombose venosa profunda, a embolia pulmonar, as perdas sanguíneas no pós-operatório, a infecção articular, as perturbações de cicatrização dos tecidos articulares. Quanto às complicações a médio/longo prazo, as mais frequentes são: a rigidez articular com perda de função, a dor claudicante, o descolamento da prótese, a perda de alinhamento do membro, a fractura peri-protética, o desgaste do polietileno.

Face a um maior risco cirúrgico e à elevada taxa de complicações constatada, David Lewallen sugere “ não estar indicada a artroplastia do joelho nos doentes que apresentem um índice da massa corporal superior a 30/35 “.

Em comentário a esta afirmação, Francisco Santos Silva, cirurgião ortopédico que há vários anos efectua este tipo de cirurgia, corrobora a afirmação e acrescenta “ a suposição de que um obeso após a artroplastia irá conseguir perder peso é utópica, pois o que na realidade acontece é precisamente o contrário “. E em conclusão deixa-nos um recado “ é determinante prevenir-se a obesidade, pois previne-se concomitantemente um conjunto de complicações do foro ortopédico “.

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